domingo, 31 de julho de 2011

Podendo complicar, por que simplificar?

“O ministro recusou-se a explicar quem pagou a estadia, mas um advogado de suas relações confirmou que patrocinou as diárias dos amigos que convidou para seu casamento” 

O parágrafo acima, publicado hoje por colunista do Globo, suscita as seguintes hipóteses:

(   ) O advogado pagou as diárias dos amigos do ministro convidados para o casamento... de quem?

(   ) O advogado pagou as diárias dos amigos do ministro com o dinheiro de outra pessoa (talvez do próprio ministro?)

(   ) O advogado patrocinou as diárias dos amigos que convidou para seu próprio casamento.

As alternativas acima, erradas as três, passaram por minha cabeça de pobre leitora diante dessa frase truncada que, claro, o contexto haveria de esclarecer. Mas a contorção não seria necessária se a redação fosse tipo assim: “O ministro recusou-se a explicar quem pagou a estadia, mas confirmou que patrocinou as diárias dos amigos que convidou para seu casamento, conforme declarou seu advogado".


 A chave do imblóglio é um segredo misterioso: só se oculta um sujeito quando ele é igual ao da oração imediatamente anterior (ou posterior). Se o sujeito oculto (que no caso é um sujeito sequestrado) não for igual ao da oração imediatamente antes ou depois, o caos se instala. E não se sabe quem patrocinou as diárias dos amigos de quem no casamento de quem, até porque a promiscuidade não é rara nas questões matrimoniais e pecuniárias.

O interessante é que quem justifica dizendo que ali “o contexto esclarece” – porque nesse país ninguém paga nada com dinheiro alheio nem faz maracutaia desse tipo – não costuma achar o mesmo no caso do "nóis pega o peixe", quando bem claro está quem pega o quê. Mas aí já são outros 500 mil, ou milhões.


Bem que o Gaspari poderia marcar umas aulinhas com Madame Natasha (as de piano talvez não sejam necessárias).

Em tempo (ou não): uma das melhores surpresas de Paraty esse ano foi ter a Heloísa Ramos, a do livro-bomba, na varandinha do café da manhã da pousada todos os dias. Numa das "entrevistas", ela contou que a famigerada estorinha do livro que supostamente pretendia ensinar as crianças a escrever "nóis pega o peixe" começou com uma matéria do ig, cujo jornalista furtou uma foto dela, colocou ao lado da de Erenice Guerra e o resto do lixo já se sabe. Que medo de jornalistas de verdade que acreditam no que leem na internet.